RIO - Em um relatório de 66 páginas obtido pelo jornal "Washignton Post", o principal comandante americano no Afeganistão, general Stanley McChrysta, diz que a missão dos Estados Unidos no país deve "terminar em fracasso" se não houver reforço das tropas dentro de um ano.
"Falhar em ganhar iniciativa e reverter o momento insurgente em um futuro próximo (os próximos 12 meses)... pode levar a um resultado no qual derrotar a insurgência não será mais possível", disse o comandante da Otan e dos EUA no documento.
De acordo com a CNN, o repórter do "Post" Bob Woodward, responsável pela matéria sobre o relatório, dará entrevista nesta segunda-feira ao programa "American Morning" detalhando o documento. Segundo a CNN, o relatório, que foi apresentado ao Secretário de Defesa americano, Robert Gates, vazou para o jornal, mas partes do documento não foram divulgadas devido a uma negociação entre o porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell, e o diário.
"Gostaríamos que nada disso tivesse sido publicado neste momento, mas agradecemos a disposição do jornal em editar algumas passagens, que poderiam colocar em perigo as tropas e as operações no Afeganistão", Morrell disse em um comunicado.
Segundo relatório, "a falta de recursos adequados também aumenta o risco de um conflito mais longo, com mais vítimas, mais custos e uma perda grave de apoio político." Nas próximas semanas, McChrystal pede ainda mais dezenas de milhares de soldados extras e o aceleramento do treinamento das tropas afegãs, o que, de acordo com ele, poderia ser usado para "dar segurança ao povo afegão e a criar um espaço para que a boa governança crie suas raízes".
O general disse que os integrantes do Talibã controlam atualmente partes inteiras do país, embora seja difícil avaliar exatamente quanto, devido à limitada presença das tropas da Otan.
Ele também criticou duramente o governo afegão, que teria perdido a confiança da população. "A fraqueza das instituições estatais, as ações malignas dos mediadores do poder, a corrupção generalizada e o abuso de poder por várias autoridades e os próprios erros da Isaf (força da Otan) têm dado aos afegãos poucas razões para apoiar seu governo," escreveu o comandante.
O tenente-coronel Tadd Sholtis, porta-voz de McChrystal, disse que o general não cogita renunciar ao cargo se não tiver reforços, e que manterá seu empenho sob qualquer orientação que receber de Obama.
"A avaliação se baseou na sua compreensão da missão conforme apresentada a ele. Se houver uma mudança de estratégia, aí a peça dos recursos muda."
Neste ano, o contingente dos EUA saltou de 32 mil para 62 mil, e ainda deve crescer em mais 6.000 soldados neste ano. Há também cerca de 40 mil soldados de outros países, principalmente da Otan.
Uma recente pesquisa CNN/Opinion Research mostrou que 58 por cento dos norte-americanos estão contra a guerra, e só 39 por cento a apoiam. Este é o período mais letal para as tropas estrangeiras em oito anos de conflito.
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