O tema aborto, que voltou à tona após a nomeação da ativista pró-aborto Eleonora Menicucci como ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, tem sido abordado tanto por líderes cristãos quanto por formadores de opiniões favoráveis à legalização da prática.
Em um artigo para o site SRZD, o blogueiro Valdeci Rodrigues criticou a postura das lideranças evangélicas e católicas, argumentando que temas relacionados à política de Estado, como o aborto, não devem ser tratado à luz das religiões. “Uma sociedade finca pé no atraso quando questões como essas são tratadas sob o manto de religiões”, opina Rodrigues.
Segundo Valdeci Rodrigues, “a ministra está soterrada de razão ao afirmar tratar-se de uma questão de saúde pública”. Argumentando que o aborto é uma prática comum e ilegal, o colunista relaciona à condição financeira das mulheres o ponto a ser discutido: “Aborto é uma prática existente e largamente disseminada. O grande problema é que o procedimento seguro não é acessível às mulheres pobres, justamente a grande maioria das fêmeas que se engravidam contra a vontade”.
Valdeci insinua que a prática é corrente mesmo dentre mulheres que sejam fiéis cristãs: “A mulher que tem um mínimo de recursos faz o seu aborto com assistência médica e, tranquilamente, toca sua vida. Muitas delas indo a missas com regularidade. O mesmo ocorre entre as evangélicas que tem recursos e levam a vida adiante louvando Jesus Cristo”.
Para o articulista do site SRZD, a postura dos cristãos a respeito do aborto é hipócrita: “Os religiosos chegam ao cúmulo de rejeitar interrupção de gravidez até no caso de feto sem cérebro, que comprovadamente tem pouco tempo de vida depois do nascimento. Há religiosos que chegam ao ponto de condenar o aborto até nos casos previstos em lei, como estupro e situações em que a mãe corre risco de morte”, critica.
Confira abaixo, a íntegra do artigo “Ai meu Deus! O aborto, de novo?”, escrito por Valdeci Rodrigues:
A nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, recolocou o aborto na ordem de do dia novamente.
E mais uma vez, a defesa da interrupção da gravidez deixou em polvorosa setores religiosos do país.
Não entro aqui nos detalhes sobre as convicções da nova ministra a respeito da descriminalização do aborto.
Prefiro ater-me ao oceânico descaramento da sociedade e também dessas alas ditas religiosas, principalmente as bancadas católica e evangélica no Congresso Nacional.
Este é assunto que a ministra está soterrada de razão ao afirmar tratar-se de uma questão de saúde pública.
Aborto é uma prática existente e largamente disseminada. Não há quem não conheça alguém que tenha feito ou uma pessoa que não saiba indicar uma clínica para interrupção da gravidez.
O grande problema é que o procedimento seguro não é acessível às mulheres pobres, justamente a grande maioria das fêmeas que se engravidam contra a vontade.
Resultado: são inúmeros os registros de mulheres que chegam sagrando nas emergências dos hospitais porque tentaram abortar por conta própria.
Ou melhor, provocam o aborto para serem atendidas já com um pé na cova.
A mulher que tem um mínimo de recursos faz o seu aborto com assistência médica e, tranquilamente, toca sua vida. Muitas delas indo a missas com regularidade.
O mesmo ocorre entre as evangélicas que tem recursos e levam a vida adiante louvando Jesus Cristo.
Daí a imensa hipocrisia: o aborto fica sendo uma possibilidade apenas para quem tem dinheiro.
Os religiosos chegam ao cúmulo de rejeitar interrupção de gravidez até no caso de feto sem cérebro, que comprovadamente tem pouco tempo de vida depois do nascimento.
Há religiosos que chegam ao ponto de condenar o aborto até nos casos previstos em lei, como estupro e situações em que a mãe corre risco de morte.
Uma sociedade finca pé no atraso quando questões como essas são tratadas sob o manto de religiões.
O Congresso Nacional e os governos precisam tratar de assuntos de forma laica, sem submeterem-se aos enfoques religiosos.
Sou contra até a Bíblia que há em cima da bancada no plenário da Câmara, por exemplo. Igualmente, não deveria haver ali a imagem de Cristo.
Definitivamente o Parlamento não é lugar para manifestação de religiosidade porque se legisla para toda a sociedade independentemente da crença religiosa dos cidadãos.
Sinceramente, esses hipócritas que berram contra o aborto não dão um pio para o grande número de miseráveis que há no Brasil e no mundo.
Aliás, usam a dita palavra de Deus para justificar a inenarrável desumanidade que há na dita humanidade.
Mas como político precisa de voto, vende até a alma da própria mãe. Não é à toa que a ministra recolheu-se e não comenta suas opiniões sobre o tema já externadas antes de fazer parte do governo.
Enquanto isso, mulher quem tem dinheiro faz aborto seguro. A que não dispõe de recursos corre risco de morrer, como acontece todos os dias, e ainda de ser apedrejada.
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