Igreja Evangelica Jesus Cristo é o Senhor: Á Fé Imbativel

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Á Fé Imbativel



Tenho muitas duvidas na minha cabeça. Sou cristã a pelo menos 6 anos e já ouvi muitas pregações a respeito de Jó dizendo que ele perdeu tudo porque Deus queria mostrar ao diabo o quão ele era um servo fiel. Mas aí ficam minhas duvidas: 1ª. Dúvida - DEUS, antes mesmo da criação, já sabe quem somos, então Ele já sabia quem era Jó e o quão fiel o mesmo era. 2ª. Dúvida - Pra que Deus haveria de sacrificar a vida de Jó por causa do diabo, se a Bíblia mesma fala que satanás não tem valor?? 3ª. Dúvida - É provável que Jó e sua esposa tenham morrido sem nunca sequer imaginar a conversa de Deus com Satanás. O que quero colocar em questão é o fato de Deus saber da fidelidade de Jó, pois senão Ele mesmo não teria dito para o diabo que não havia servo fiel e justo como Jó e mesmo assim ter permitido que o diabo o tocasse. Para que?? Por quê??? Essas são minhas perguntas que te faço, já que até hoje você foi a única pessoa que vi falar da mulher de Jó tão bem e de maneira esplanada que não me deixou duvidas nenhuma. Eu sou mãe e tenho um filho de 4 anos, e conheço meu filho, sei quando ele faz algo de errado, eu não deixaria que ninguém o tocasse para provar que meu filho é bom. Porque Deus fez isso?? Até mesmo porque Ele deu tudo em dobro pra Jó, mas e os filhos que eles perderam?? Vieram outros, mas não creio que isso possa substituir os filhos que já existiam. Sei que as perguntas que faço são complexas, mas tenho passado por uma tremenda fraqueza espiritual. Eu penso demais em coisas que não tenho respostas. Não tenho como fazer esta pergunta pra nenhum irmão que eu conheça por aqui. Pois já sei as respostas: “Deus permitiu”, ”Deus sabe”, “Deus é justo”, “É mistério”... E etc. Mas isso não saciará minha mente. Preciso de respostas. Não creio que Deus tenha feito tudo isso só pra provar para o diabo uma coisa que Ele já sabia. Seria Deus então um “sarrista”? Um egoísta?? Só pra provar tocou num servo que sabia Ele ser fiel??? Aguardo respostas. Não me entenda mal, mas fui tremendamente ferida por pessoas do evangelho e minha mente questiona muitas coisas, mas a única sem uma resposta é essa. Paz irmão. Deus te abençoe cada vez mais, pois cada vez que entro neste site aprendo alguma coisa nova. Resposta: Paz e bem, Este aspecto é um dos mais polêmicos entre os eruditos. Alguns crêem que Jó teve o desacerto de estar no lugar certo (andando em santidade) na hora errada (justamente quando se operava a tal “aposta”). Outros dizem que o livro de Jó é uma obra de ficção, como uma peça de teatro e, portanto, o sofrimento que se fala nunca ocorreu e a intenção é apenas didática para nos ensinar a adorar a Deus mesmo nas vicissitudes. Pessoalmente eu discordo das duas abordagens, primeiro não creio que Deus escolha alguém para sofrer apenas com o propósito de provar uma tese. Um Deus que faz de suas criaturas ratos de laboratório é um Deus difícil de ser adorado, principalmente porque o Evangelho nos ensina a adorá-lo motivados pelo amor e não por medo. A segunda explicação, de que o livro seria apenas uma obra de ficção, é ainda pior que a primeira, pois não resolve a questão do caráter de Deus já que, independente de ser fato real ou não, há o uso premeditado de alguém que é usado como cobaia para comprovação de suas idéias. Além disso, se a história de Jó é apenas criação de um autor humano e não um fato, cria-se a dúvida razoável sobre quais passagens bíblicas seriam reais e quais seriam obras de ficção. Ou seja, nem explica a questão principal e ainda cria novas perguntas. Penso que o único caminho para entendermos este aparente enigma é conhecermos mais profundamente o nosso Deus e também conhecermos um pouco mais este homem chamado Jó. Para tal, é necessário primeiramente conhecer o caráter de Deus conforme as escrituras claramente nos apresentam. O caráter de Deus revelado em Cristo nos mostra que ele é justo e misericordioso. O apóstolo João nos diz em sua primeira epístola que “Deus é amor” (I Jo 4:8) e Paulo nos ensina que o amor é benigno, não procura seus interesses e não se alegra na injustiça (1 Coríntios 13:4-6). O mesmo Paulo salienta que “todas as coisas conjuntamente contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). Portanto, um Deus que por conta de uma “aposta” ou “desafio”, permite que um inocente pague unicamente para ao final dizer: “eu não tinha razão?” está contradizendo a própria essência daquilo que Ele mesmo diz ser em sua Palavra e contradiz a própria vida, exemplo e ensinos de Jesus que é Deus encarnado. Deste modo, a própria escritura nos mostra claramente que o Deus de amor seria incapaz de fazer de seus filhos marionetes. Portanto, descartemos de uma vez por todas este argumento como sendo a motivação de Deus no sofrimento de Jó. Firmados no conhecimento sobre Deus, vamos agora conhecer a um pouco mais de Jó. Vamos nos aprofundar mais na sua estrutura psicológica. Jó é considerado pelo próprio Deus como homem íntegro, reto, temente a ao Senhor e que se desviava do mal. À primeira vista tais características são tudo aquilo que é necessário para que um servo de Deus seja aprovado e Jô, em suas obras de justiça, tinha a aprovação divina. Mas, identicamente ao jovem rico de Mateus 19, faltava uma coisa a Jó. A Bíblia nos diz que o jovem rico ao achegar-se a Jesus perguntou-lhe o que deveria fazer para alcançar a vida eterna. Cristo lhe recitou os mandamentos: não matar, não cometer adultério, não furtar, não dizer falso testemunho; honrar pai e mãe e amar o próximo... O jovem alegrou-se ao dizer que cumpria tudo isto desde sua mocidade, era alguém que cumpria todos os ditames da lei. Mas, amando-o muito, Jesus lhe fez ver que toda a sua justiça própria não era suficiente, faltava-lhe algo. Quando informado sobre aquilo que lhe faltava, o jovem saiu entristecido. Não sabemos o que ocorreu depois, talvez tenha tomado a decisão certa, talvez tenha se perdido para sempre, mas em relação a Jó tal lacuna não existe, ele encontrou o que lhe faltava. Mas, afinal o que faltava a Jó, este homem integro, reto, temente a Deus e que se afastava da prática do mal? O que mais seria necessário? Se você ler com atenção o primeiro capítulo do livro de Jó, verá que em todas estas coisas boas e belas que Jó fazia havia um profundo sentimento de medo. Senão vejamos, a cada banquete que seus filhos faziam, Jó os santificava e sacrificava por eles, pois vivia com medo de que eles porventura viessem a fazer algo de errado e com isto atraíssem o castigo de Deus. Em toda a narrativa vemos um homem submisso não a um Deus com quem tivesse intimidade, mas a um Deus a quem temia desagradar e que tinha pavor da punição que poderia advir. Esta era a adoração de Jó, baseada na submissão provinda do medo e de certo espírito de barganha. A certa altura de sua provação, Jó desabafa: “Aquilo que temo me sobrevém e o que eu receio me acontece” (Jó 3:25). A expressão hebraica “pachad” que na maioria das versões é erradamente traduzida como temor, é melhor traduzida como “pavor”, “terror”. Todos nós temos o temor de perder os filhos, o sustento, a saúde. Mas Jó era vítima de um sentimento muito mais obsessivo. Na verdade o que o texto diz é: “Aquilo que me apavorava, que me aterrorizava, me aconteceu”. Havia em Jó o sentimento de submissão a Deus e sinceridade na prática de justiça e retidão, mas o seu coração era profundamente apegado a seus bens, seus filhos e a boa vida que levava. O Jovem Rico de Mateus 19, assim como Jó, era totalmente irrepreensível, em sua justiça e retidão, tanto que Jesus o amou em sua sinceridade, mas repare que de todos os mandamentos que o Senhor Jesus cita ele omite um: “amar a Deus sobre todas as coisas”, era este amor a Deus que faltava àquele jovem e, por saber que ele amava mais aos bens terrenos do que a Deus, foi que Cristo o convidou a abrir mão deste ídolo e entregar aos pobres suas riquezas. Assim também era com Jó. Apesar do discurso piedoso, ele na verdade se achava mais justo que o próprio Deus. No capítulo 9 ele começa falando da soberania e da justiça de Deus, mas termina reclamando que Deus é juiz injusto, pois mesmo Jó tendo razão, Deus o tornaria culpado, pois é um Deus que se ri das desgraças dos inocentes e entregou o mundo nas mãos dos perversos (Jó 9:1-24). Todos os três amigos de Jó foram obrigados a pedir perdão por suas palavras néscias, mas teve um quarto amigo que falou e este não foi obrigado a pedir perdão. O nome dele era Eliú e sua indignação se acendeu porque Jó “pretendia ser mais justo que Deus” (Jó 32:2). Este sentimento de justiça própria é um dos grandes fatores que afastam o homem de Deus e falamos isto aqui no site no texto: “Ser bom pode ser mau”, que creio ser muito edificante ler ou reler. Foi exatamente quando perdeu tudo e só lhe restou o Senhor, que Deus se revelou a Jó. Se prestar atenção ao texto deste discurso de Deus você verá que Deus não perde tempo explicando o papel de satanás na trama, mas confrontando e mostrando a Jó que a sabedoria e justiça de Deus excede à visão míope do homem. Quando finalmente se vê sem nada e apenas tem o Senhor é que Jó finalmente confessa: “Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora meus olhos te vêem” (Jó 42:5). Este foi o objetivo de Deus em todo o sofrimento de Jó. Ele usou a maldade de satanás para que Jó pudesse verdadeiramente conhecer o Senhor. Note que é Deus quem provoca satanás quando pergunta: “Viste o meu servo Jó?”. Deus tinha um projeto de benção e vida, pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Que adiantaria a Jó ter uma vida sem percalços e não conhecer verdadeiramente o Deus da vida? Para finalizar. O sofrimento de Jó, segundo alguns eruditos, não durou mais que seis meses. Jó recebeu em dobro tudo aquilo que havia perdido: ovelhas, camelos, bois e jumentos, mas ele tinha dez filhos e não recebeu mais vinte filhos. Ele recebeu mais dez filhos porque para Deus os outros dez nunca morreram. Ele é Deus de vivos, não de mortos. Neste momento, Jó deve estar agora se regozijando junto com todos os seus filhos, aguardando ansiosamente a plena revelação do Justo Juiz, para quem até mesmo os poderes das trevas se dobram e em quem “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que o amama”.

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