Os cristãos/evangélicos das igrejas no Japão juntamente com os
pastores estão vendo a diminuir a frequência nos cultos e lançaram mãos
de estratégias do marketing religioso para atrair novos e trazer de
volta fiéis. Mas tem gerado divergências.-Confira e comente…
Com a redução no número de fiéis, são muitas as igrejas evangélicas brasileiras no Japão que há tempos tem lançado mão de campanhas
de marketing para atrair novos fiéis. Ayra Tsuda, de apenas 18 anos,
diz que também faz um movimento solitário para ver mais gente na igreja
que ela participa. “Eu tento trazer minhas amigas, mas não é fácil
porque são jovens né, então ainda querer curtir. Eu me cansei, vi que
aquilo não era pra mim, não ia me levar a nada, então eu vim buscar um
socorro”, revela.
Buscar um socorro nas pregações é o que motiva muitos dos que
frequentam as igrejas. Existe até informalmente um rodízio de fiéis. A
pessoa participa um tempo de uma congregação, não se adapta ou discorda
da linha adotada pelo pastor e parte para uma outra. Em alguns casos
chega a ser estabelecida uma velada concorrência entre as igrejas, sejam
elas evangélicas ou católica.
“Nós aqui em Komaki temos uma estratégia, é tirar a igreja para fora,
é levar um culto doméstico até onde as pessoas estão. Então nós temos
várias células e lá nós vamos pregar o evangelho e convidamos as pessoas
facilitando a elas o contato com a palavra de Deus”, explica o pastor
Carlos Raymundo da igreja Missão Apoio. Carlos é pastor faz 14 anos e
diz que as pessoas buscam a igreja pela primeira vez geralmente quando
estão atravessando algum problema.
“Desde que gente é gente, só se procura a Deus quando há uma
necessidade, então é um perfil assim de muita necessidade. E as pessoas
tem procurado resolver essas três áreas, material, espiritual e física
delas”, completa. Célia Satiko que mora em Chiryu diz que é católica não
praticante e resolveu seguir o conselho de amigos e ver de perto o que
se prega nas igrejas evangélicas. Ela admite que, foi rezar em busca de
solução e conforto a problemas particulares.
Para
atrair novos fiéis uma igreja ocupa toda quinta-feira a noite um
restaurante brasileiro localizado em Komaki. O pastor faz uma pregação e
ao final todos os convidados tem um jantar gratuito. Os convites para o
jantar gospel são informais, feitos por e-mail e torpedos no celular
das pessoas. Alguns ironizam esta estratégia de marketing religioso, mas
muita gente tem participado do mini-culto semanal. Cada convidado pode
levar quantos acompanhantes quiser em uma autêntica boca-livre.
“Tem pessoas que só de ouvir falar vamos pra igreja, não querer ir.
Mas, se falar vamos no jantar, eles vem e dão uma palavra e cantam
louvor”, conta a participante Iris Rios. “Na realidade, sou católico,
sou praticante, mas independente de igreja é bom você fortalecer. É
interessante, é importante. Nunca é demais”, afirma o também
participante, Mauro Nagai.
O dono do restaurante, Anderson Paes, diz que a ideia do jantar
gospel foi dele e da direção da igreja. Mas afinal, quem paga a comida?
“Na verdade, esse jantar quem oferece sou eu. Então, tenho que retribuir
desta forma. Ofereço o jantar totalmente gratuito, mas em nome de
Jesus”, diz.
Janílson Gabri Pacheco, pastor responsável pelo culto, afirma que
oferecer comida de graça não é em benefício apenas da igreja que ele
representa. “Na verdade, a gente pode usar assim, é um marketing para o
evangelismo mundial. Tem surtido resultados. A gente percebe muita
inibição, as pessoas tendo desencorajamento para ir até a igreja. Então,
vindo até aqui quebra um pouco esse tabu”, argumenta.
O empresário Cláudio Nagaoka, que mora em Gifu, é um veterano
evangélico no Japão. Ele chegou a construir a sede de uma igreja em
Kakamigahara, onde atuou por 22 anos. Agora se afastou da igreja e
critica as muitas congregações que, segundo afirma, se desvirtuaram do
caminho correto.
“Hoje na verdade, infelizmente, o que a gente vê por aí é business.
Muita gente não percebe na verdade, mas a grande maioria que a gente vê é
pastores ficando milionários, comprando jatos, e poucas pessoas
perceberam que estão alimentando um sistema que só está beneficiando
vários lideres”, alega. “Quem quer pregar a palavra mesmo não precisa
usar marketing, não precisa usar barganha. Ele tem só que ouvir a voz de
Deus e na sua vida pregar o Evangelho, você prega muito mais com a sua
vida do que falando”, enfatiza.
Nagaoka garante que a fé que ele tem, aumentou bastante quando deixou
de frequentar a igreja. Rompeu com o movimento evangélico, mas continua
a favor da evangelização sem demagogias.
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