Os adeptos de religiões em geral se acomodam às normas e rituais de
suas doutrinas e acabam transformando a sua vida espiritual em uma
rotina rígida e estéril. Isso pode ocorrer com um cristão, com um hindu
ou com um budista, que não se dão conta de estar mergulhados em um
mórbido sono espiritual. Neste sono, eles sonham que são pessoas
profundamente espirituais e que estão atingindo, por seu próprio
esforço, a iluminação e a libertação de suas almas.
Estas pessoas podem ser encontradas fazendo oferendas no interior dos
templos orientais, em meditação nos mosteiros, prostradas em direção a
Meca, em peregrinação para os lugares santos e até mesmo nos bancos de
algumas igrejas cristãs.
Os adeptos da espiritualidade personalizada ou free-lancers, por
outro lado, estão mais interessados em adquirir conhecimento e no
benefício físico e mental de certas práticas espirituais.São pessoas
que, ao se oporem às religiões formais, adotam uma atitude exatamente
contrária de insubmissão e investigação permanentes. São dominados pela
inquietude intelectual, que os impede de alcançar o verdadeiro propósito
da busca espiritual.Esse propósito é o de nos reconciliarmos com Deus e
amarmos os nossos semelhantes como a nós mesmos.
Os free-lancers espirituais são encontrados nos ashrams dos gurus da
moda, em salas fechadas invocando espíritos, em seus quartos, debruçados
sobre uma pilha de livros ou praticando técnicas avançadas de magia e
projeção astral.
A verdadeira espiritualidade entretanto está muito além da
religiosidade e dos possíveis benefícios proporcionados pelo
conhecimento espiritual. Ela implica essencialmente na restauração da
alma humana, operada segundo a boa e perfeita vontade de Deus. Essa
transformação pessoal, embora requeira o firme compromisso e a expressa
manifestação da vontade do individuo em mudar, não é operada por
quaisquer práticas espiritualistas a que ele possa se dedicar, mas
unicamente pela graça de Deus.
Mas mudar pra que? A psicologia afirma que a única mudança de que
precisamos é a de nos tornarmos quem realmente somos. Mas quem realmente
somos?
Alguns filósofos e ocultistas afirmam que o sentido da vida é
realizarmos a nossa maior potencialidade, isto é, nos tornarmos tão
poderosos e independentes quanto formos capazes. Mas qual é o preço
deste poder e desta suposta autonomia?
Jesus entretanto afirma simplesmente que devemos nos tornar
perfeitos, como perfeito é o nosso Pai, em cuja semelhança fomos
criados. Se fomos criados perfeitos, à imagem do Pai, é este então o
único sentido possível para uma verdadeira mudança, através da qual
seremos quem realmente somos, ou seja, resgataremos a nossa verdadeira
identidade espiritual, segundo a qual fomos criados.
Não temos entretanto ideia de como fomos originalmente criados, mas
Deus nos deu um modelo perfeito, que é Cristo. Cristo foi o único homem
perfeito que habitou a Terra e por isso Ele é o único modelo em quem
podemos seguramente nos inspirar para mudar.
Ao contrário do poder adquirido por meios próprios, cujo preço é a
escravidão àqueles de quem o obtemos e depois a morte espiritual, o
potencial que despertamos ao nos tornarmos semelhantes a Cristo é
inteiramente gratuito e nos transforma em seres verdadeiramente
livres.Somente em Cristo podemos nos reunir a Deus e encontrar a
verdadeira vida.
Uma árvore se conhece pelos seus frutos. Se o objetivo de crescermos
espiritualmente é o de nos tornarmos criaturas melhores do que somos
hoje, então a medida pela qual podemos avaliar o nosso crescimento é
através dos bons frutos que produzimos.
Mas o que são os bons frutos? Embora haja um consenso mais ou menos
estabelecido socialmente do que seja bom, não podemos por nós mesmos
avaliar corretamente se uma ação que praticamos é realmente boa ou ruim
por quaisquer critérios subjetivos ou morais. Estes conceitos, quando
meramente humanos, variam com o tempo e a cultura. É apenas através dos
princípios bíblicos que podemos obter um referencial absoluto e
autêntico do bem e do mal.
Jesus, Ele próprio, recusou ser chamado de bom, afirmando que bom é
apenas Deus Pai, de quem Ele aprendera todas as coisas. Como podemos
então afirmar que praticamos o bem se não tivermos os parâmetros
absolutos para avaliarmos os nossos atos? Inúmeras vezes nos enganamos,
ao julgarmos o que é bom para nós mesmos ou para o nosso semelhante.
Jesus afirmou também que as boas obras praticadas por aqueles que
vivem em iniquidade não têm para Deus nenhum valor. Se todos nascemos em
iniquidade, como podemos por nós mesmos fazer o bem?
A verdade é que não somos boas árvores, somos árvores imperfeitas e
como tal não podemos produzir bons frutos. Quando fazemos o bem somos
movidos por um senso biológico de dever ou pelo mero interesse próprio.
Por isso precisamos ser restaurados pelo sangue de Cristo. É pelo jugo
suave de Jesus sobre nossas vidas que aprendemos a amar
incondicionalmente o nosso semelhante. Por isso Jesus nos diz que sem
Ele nada podemos fazer de bom. Ou seja, se não estivermos em comunhão
com Ele e se não agirmos em consonância com a vontade de Deus, expressa
em sua Palavra, não há como produzirmos bons frutos.
Diversamente do que ensinam as religiões e doutrinas espiritualistas,
o processo de iluminação espiritual não é harmonioso e nem sempre é
pacífico e agradável. Ele requer a constante negação de si mesmo, isto
é, a sujeição da própria vontade à vontade do Pai. Esta é a verdadeira
humildade, que nos torna capazes de suportar a rejeição social, por
parte de uma sociedade cada vez mais materialista, hedonista e
egocêntrica.
Aqueles que realmente amam a Deus aprendem, através do seu Santo
Espírito, que o único e verdadeiro Deus é o Senhor, que se revelou à
humanidade através dos judeus e de seu filho Jesus e que apenas Ele -
Jesus Cristo - é o Caminho, a Verdade e a Vida, porque ninguém vai ao
Pai a não ser através dele.
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