“Saímos
de Mbaiki em direção a Bangui no início da manhã. Do lado de fora da
pousada cristã onde tínhamos passado a noite nos deparamos com cerca de
10 grandes caminhões carregados com grandes pranchas de madeira. Uma
pequena Van em processo de troca de pneu bloqueava seu caminho. Havia
espaço suficiente para que nós passássemos, por isso ultrapassamos o
comboio.
Os caminhões vinham de uma serraria ao sul de Mbaiki. A
sua presença perturbava meu companheiro, porque, para ele, era um
lembrete dolorido da cumplicidade clara do Chade e seu reflexo direto
com a crise vivida na República Centro-Africana. Ele explica que essas
pranchas de madeira são uma
commodity importante na economia do
Chade e que o grupo Seleka ganha dinheiro com a venda dessa madeira.
Centro-africanos se queixam de que os mercenários do Chade sustentam o
Seleka, criando grandes problemas para a população local.
Imigrantes
muçulmanos do Chade vão à República Centro-Africana e se alinham com os
rebeldes aumentando a opressão da população local. Forças de segurança
do Chade têm protegido membros do Seleka e muçulmanos extremistas ao
longo da crise. Agora, as forças de elite do Chade estão repatriando os
muçulmanos de Bangui e causando ainda mais sofrimento para as
comunidades locais. Por exemplo, durante a evacuação de muçulmanos de
Damara, na semana passada, os soldados do Chade atiraram aleatoriamente
na população não-muçulmana e queimaram algumas casas.
Agora, a
população muçulmana local está sendo alvo de represálias. Mas nem todos
os muçulmanos são responsabilizados. Muçulmanos de origem argelina que
moram no bairro PK5, em Bangui, são deixados em paz, porque eles se
recusaram a tomar o lado dos rebeldes Seleka. É o mesmo para os
muçulmanos libaneses que continuam a operar suas lojas também em Bangui.
Os poucos líderes libaneses que colaboraram com o Seleka já deixaram o
país. Há muita gratidão para as tropas muçulmanas Gula, do norte da
República Centro-Africana, que protegeram a população não-muçulmana na
vila Pissa contra o Seleka.
Estávamos conversando acerca dessas
complexidades, quando chegamos de volta em Bangui, por volta das 10h.
Ficamos presos em um grande engarrafamento no mercado Petevo. Este
mercado tem visto um crescimento substancial nas últimas semanas porque
outros mercados maiores localizados em áreas como o PK5 e na vizinhança
de Miskine tornaram-se muito perigosos para a atividade comercial.
Ficamos
gratos por finalmente chegarmos à Fateb (Faculdade Teológica
Evangélica), onde passamos algum tempo com colegas de Camarões e da
África do Sul. Eles são pastores responsáveis por treinamentos; são
mulheres líderes e conselheiros no ministério de trauma com particular
destaque para as vítimas de estupro. Muitas mulheres foram estupradas
durante a crise, algumas até mesmo na frente de seus maridos. Muitas
dessas mulheres foram rejeitadas por seus maridos, como resultado. Uma
mulher estuprada é considerada inferior a outras mulheres. Os líderes da
Igreja não sabem como lidar com este problema. A Portas Abertas tem
estado junto a esses líderes para ajudá-los a enfrentar este desafio, em
um esforço para acolher e reparar a vida das pessoas impactadas pelo
trauma.
À medida que entramos em Bangui e a fim de darmos
sequência nos preparativos para a nossa viagem para o oeste e o centro
do país, a cidade mostra-se mais lotada do que nunca. Há muitos
policiais nas ruas e os soldados são vistos por toda parte. Há também a
agitação da atividade comercial. Carros fazem longas filas em postos de
gasolina e há filas fora do escritório da companhia telefônica. De
repente, fomos forçados a sair da estrada para dar passagem ao carro da
presidente de transição Catherine Samba-Panza, ela havia acabado de
deixar o palácio residencial. Uma grande escolta de carros do governo e
caminhões transportando soldados a escoltava enquanto caminhões pesados
carregavam espingardas e abriam caminho. Quando ela passou, nós
prosseguimos em nosso caminho.
Nosso plano é visitar as cidades
de Bouar, Bozum, Bossangoa e Sibut nos próximos dias. Vai ser uma viagem
cansativa de cerca de 1.600 km. Nós não sabemos onde vamos dormir ou
comer. Mas vamos perguntar por pensões cristãs nas grandes cidades.
Temos comida e água no carro. Também estamos levando gasolina extra.
Nossa
viagem até agora tem sido abençoada e somos gratos por termos retornado
em segurança para Bangui. Agora, estamos ansiosos para chegar aos
cristãos no interior, porque sabemos que eles estão aguardando por
pessoas como nós, que lhes mostrarão solidariedade e conforto e irão
fortalecê-los. Estamos esperançosos para o nosso tempo com eles. Por
favor, continue orando por nós.”
Perseguição aos cristãos
"De fato, todos os que desejarem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos."
Quando
Paulo faz essa declaração em sua segunda carta a Timóteo, ele já afirma
onde vivem os perseguidos por causa de Cristo: em qualquer lugar. Onde
houver alguém que se comprometa a seguir a Jesus de coração, ali haverá
um cristão perseguido.
De acordo com o Artigo 18 da Declaração
Universal de Direitos Humanos, de 1948, "Toda pessoa tem direito à
liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular".
No entanto, de acordo com o Pew Research Center, quase 75% da população mundial vive em áreas com graves restrições religiosas. Muitas dessas pessoas são cristãs.
Para a Portas Abertas, a perseguição aos cristãos consiste em
qualquer hostilidade vivenciada como resultado da identificação de uma
pessoa com Cristo, incluindo palavras e atitudes hostis, dirigidas
contra elas unicamente por causa de sua fé em Jesus.
Perseguição X Liberdade religiosaA perseguição aos cristãos ocorre quando:
- lhes são negados os direitos à liberdade religiosa;
- a conversão ao cristianismo é proibida por conta de ameaças vindas do governo ou de grupos extremistas;
- são forçados a deixar suas casas ou empregos temerosos da violência que pode lhes sobrevir;
- são agredidos fisicamente ou mortos por causa de sua fé;
- são presos, interrogados e, por diversas vezes, torturados por se recusarem a negar Jesus.
Perfil: cristão perseguido Disponibilizamos uma matéria da
revista Portas Abertas
na íntegra para que você conheça mais a fundo a definição de cristão e
perseguição que usamos para nortear nosso trabalho. Saiba quem são os
cristãos perseguidos que procuramos servir em nosso ministério.
Faça o download!Onde estão os cristãos que enfrentam perseguição?A cada ano, a
Classificação da Perseguição Religiosa
lista os 50 países em que os seguidores de Cristo são mais
hostilizados, somando assim milhões de cristãos afetados pela
perseguição.
O trabalho da Portas AbertasSeguir a
Cristo pode custar a vida de centenas de cristãos. A Portas Abertas
procura estar ao lado desses irmãos a fim de apoiá-los no que for
possível e encorajá-los em todas as situações, conforme suas
necessidades específicas.
Conheça os nossos projetos.
Liberdade para servirLivres
em Cristo para viver em total comunhão com Deus. Livres para viver em
total comunhão com os irmãos. Abençoada com tamanha liberdade, a Igreja
brasileira deve conscientizar-se das responsabilidades que isso lhe
traz: servir a Deus e aos irmãos. A liberdade a serviço da Igreja é o
tema da Portas Abertas Brasil para 2014.
Classificação da Perseguição Religiosa
Onde
seguir as palavras do Senhor Jesus pode custar a própria vida: conheça
os 50 países em que a perseguição aos cristãos atinge o nível mais
elevado
Uma
vez que seu chamado é servir os que pagam um alto preço por causa de
sua fé em Jesus, a Portas Abertas entende ser necessário monitorar a
situação religiosa dos países para saber onde sua ajuda se faz mais
necessária. Para isso, criou a Classificação da Perseguição Religiosa
(chamada anteriormente de Classificação de Países por Perseguição). Esta
é a única pesquisa do tipo realizada anualmente em todo o mundo. Ela
mede a liberdade que um cristão tem para praticar sua fé.
Trata-se de uma lista que relaciona os 50
países em que os seguidores de Cristo são mais hostilizados, somando
assim milhões de cristãos afetados pela perseguição – atualmente, cerca
de cem milhões de cristãos são perseguidos; em média, cem indivíduos
cristãos perdem sua vida a cada mês em razão de sua fé em Jesus Cristo.
Governos instáveis e extremismo islâmicoA
maior fonte de perseguição à Igreja em 2013 foi o extremismo islâmico.
Dos 50 países listados na Classificação da Perseguição Religiosa, 36
deles apresentaram essa tendência, principalmente na África. Seria
possível dizer que a Classificação de 2014 mostra que a perseguição aos
cristãos está se tornando mais intensa em mais países, espalhando-se
pelo continente africano.
Os dez países mais hostis aos cristãos
tratam-se de nações que passam por sérios problemas em seu governo:
Somália, Síria, Iraque, Afeganistão, Paquistão e Iêmen. Junto a eles,
Coreia do Norte, Arábia Saudita, Maldivas e Irã completam a primeira
dezena de países em que ser cristão é, praticamente, uma prova de
resistência.
Como a Classificação é formadaPara
entender melhor como acontece a perseguição aos cristãos no mundo atual,
a Portas Abertas definiu cinco áreas diferentes em que os cristãos são
hostilizados: individualidade, família, comunidade, nação e igreja.
Ao separar as áreas para análise, a Portas
Abertas elabora um questionário bastante específico e extenso que
contempla as diferentes formas de perseguição. Cristãos de diversas
nações são convidados a responder um total de 96 perguntas que, somadas a
informações obtidas por meio de pesquisas e averiguação, culminam na
pontuação do país na Classificação.
Este resultado final é usado
para determinar a ordem dos países na posição de 1 a 50 da
Classificação da Perseguição Religiosa. Além disso, a pesquisa faz
distinção entre duas formas principais de perseguição:
ameaças e pressões que cristãos vivenciam em todas as áreas da vida, e pela
violência.
Não
se engane ao imaginar que a violência é a forma predominante e mais
invasiva de perseguição; em muitos casos, a opressão pode ter um efeito
ainda mais devastador. Isso explica porque não necessariamente quanto
maior a violência física contra os cristãos, maior é a perseguição.
A
Portas Abertas tem monitorado a perseguição aos cristãos em todo o
mundo desde 1970. Ao longo dos anos, a metodologia da pesquisa passou
por uma evolução gradual. Em 2013, a metodologia foi aperfeiçoada para o
modelo explicado acima.
Confiabilidade da pesquisaA
partir de 2014, o processo de pesquisa e análise dos dados utilizados
na Classificação da Perseguição Religiosa é auditado de maneira
independente. O trabalho está sendo realizado pela única instituição com
acadêmicos dedicados ao estudo da liberdade religiosa dos cristãos, o
Instituto Internacional de Liberdade Religiosa (
International Institute of Religious Freedom - RIFI), que conta com a atuação de profissionais de diferentes países do mundo.
Se
você desejar saber mais informações sobre a metodologia e o processo de
formação da Classificação da Perseguição Religiosa, entre em contato
com a Portas Abertas pelo e-mail falecom@portasabertas.org.br ou ligue para 11 2348 3330.Os mais perseguidosA
cada ano, novos países entram na Classificação da Perseguição
Religiosa, o que faz com que outros deixem de aparecer na lista. Isso
não corresponde, necessariamente, a uma melhora na perseguição religiosa
nos países que saíram do
ranking, mas sim que, nos países que
passam a integrar a lista, o nível de perseguição é maior. Você pode
conferir onde o nível de perseguição aumentou; diminuiu; e manteve-se
estável no
mapa da Classificação (
também disponível para download).
Novos países que integram a Classificação 2014Bangladesh
Um
novo grupo extremista reuniu milhares de pessoas em Daka, capital do
país, exigindo que fossem feitas treze emendas na Constituição — uma
delas era a adoção da sharia (lei islâmica).
República Centro-AfricanaNotícias
de confrontos civis nessa nação africana dominaram as manchetes em
2013, cujo governo foi derrubado por um golpe militar que concedeu ao
grupo rebelde Seleka o poder no país. Sempre com violência desmedida, os
rebeldes estupraram, assaltaram e mataram cristãos centro-africanos.
Este caso mostra como um Estado aparentemente estável pode se
desintegrar e como uma minoria cristã pode correr o risco de vir a se
extinguir.
Sri LankaAs igrejas do Sri Lanka experimentaram
hostilidades em 2013. Mais de 50 delas foram atacadas por participantes
de um movimento nacionalista budista.
Perseguição e perseverançaAlém
dos países citados acima, aqueles que seguem a Cristo enfrentam a
oposição de seus governos, sociedades e até parentes em 60 nações, pelo
menos. Isso faz com que os cristãos sejam o grupo religioso mais
perseguido do mundo.
A boa notícia é que a perseguição tende a
estar relacionada com o crescimento e o testemunho, e normalmente refina
e fortalece a fé dos cristãos, não o oposto. Por isso, em geral, o
aumento das pressões contra o cristianismo mostra que a Igreja está
crescendo.
Somos igualmente livresCristãos perseguidos possuem em Deus a mesma liberdade que cristãos brasileiros. Mas civilmente, não.
Use sua liberdade para servi-los.
Os desafios de uma estudante cristã em Mianmar
Aos
23 anos de idade, Cho* é a única cristã em sua casa. Ela entregou sua
vida a Cristo quando Nu*, um participante do treinamento “Permanecendo
Firme Através da Tempestade”, da Portas Abertas, compartilhou a Palavra
de Deus com a sua família"Quando
eu tinha 12 anos, o professor Nu foi à nossa casa e disse à minha
família quem era Jesus e o que ele fez por nós. Depois disso, eu passei a
frequentar a Escola Dominical em sua igreja doméstica toda semana. Ano
após ano, eu cresci no conhecimento do Senhor. Nu me ensinou sobre Jesus
e a Bíblia.”
“Logo no início da minha vida cristã, eu não era
aceita e nem tratada como uma filha", lembra Cho. “O evangelho de Jesus
havia sido compartilhado com meus pais, mas eles permaneceram budistas.
Por ter aceitado Jesus, eu não era tratada como uma pessoa normal, e
fiquei desapontada."
Além de suas dificuldades em casa, Cho
também enfrentou perseguições na escola. "Meus colegas não me aceitavam
como cristã. Eles não queriam ser meus amigos. Eu costumava correr para a
casa do professor Nu para pedir-lhe orações."
Apesar de ter
alguém para lhe apoiar, as lutas de Cho ainda a afligiam. "Durante esse
tempo, eu queria mais. Eu queria ajuda. Meu professor orava por mim, mas
ele não podia fazer mais do que isso. O que eu deveria fazer? Deveria
continuar a seguir Jesus ou deveria parar? Às vezes eu pensava que Deus
tinha me esquecido. Onde estava Deus? Algumas vezes, eu cheguei a
perguntar ao Senhor se ele realmente me conhecia, se ele realmente
estava preocupado comigo.”
A fé de Cho foi mais uma vez testada
quando ela fracassou no exame de métricas, um requisito para prosseguir
no ensino superior. "Fiquei decepcionada quando eu não passei no exame
de métricas. As palavras do meu pai continuaram correndo em minha
cabeça. "Se você trabalhar duro, você vai passar, se você não trabalhar
duro, você não vai passar. Não é necessário orar ou ir ao culto. Basta
trabalhar duro. Ele me dizia: 'Isso é o suficiente’”.
"Então eu
decidi trabalhar duro", ela continuou. "Depois de algum tempo, percebi
que eu deveria tentar fazer o exame de métricas novamente, porque se eu
passasse, minha vida e meu futuro seriam muito melhores."
"O
professor Nu sempre me motivou dizendo 'Minha filha, não se preocupe,
não fique desapontada, Deus está com você, Deus vai lhe dar sabedoria
para que você possa passar no exame de métricas’. Mas as palavras de meu
pai continuaram falando alto em minha cabeça. Eu temia falhar de novo,
mas Nu me incentivou a prosseguir”.
Em sua segunda tentativa, Cho
passou na prova. "Mas só por causa da oração", disse ela. "Deus estava
comigo. Eu estudei muito, tentei fazer o meu melhor, mas se Deus não
estivesse lá, eu teria falhado. Por causa dele, eu passei no exame, e
assim estava qualificada para os estudos superiores na faculdade.”
Cho
é apoiada pela Portas Abertas em seus estudos. Ela estuda engenharia
mecânica na região oeste de Yangon. Ela também fez amizade com alguns
dos seus colegas de classe, em sua maioria budistas. "Mesmo quando eles
começaram a saber mais sobre mim, minha atitude e comportamento, eles me
aceitaram."
Cho é incentivada por Josué 1.9 que diz: "Seja forte
e corajoso! Não se apavore, nem se desanime, pois o Senhor, o seu Deus,
estará com você por onde você andar".
"Mesmo que eu tenha
dificuldades, em relação à minha família e à minha educação, eu louvo a
Deus e ouço suas palavras juntamente com meu professor que está sempre
lá para me inspirar e incentivar."
Pedidos de oração• Interceda pelos pais de Cho para que eles creiam e aceitem Jesus como seu Salvador.
• Ore
por Cho, para que ela conclua seus estudos universitários com
excelência, a fim de que Deus seja glorificado entre seus amigos.
• Peça ao Senhor para que a caminhada de Cho com Jesus prossiga, apesar dos desafios que tem de enfrentar na vida.