PARIS/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um avião da Air France que fazia o trajeto Rio de Janeiro-Paris desapareceu sobre o Atlântico com 228 pessoas a bordo e as buscas pelo Airbus A330 prosseguirão durante a madrugada de terça-feira.
A Força Aérea Brasileira (FAB) destacou duas aeronaves que, além de recursos visuais, farão as buscas com recursos eletrônicos e de radar durante a noite. No total, seis aeronaves e dois helicópteros da FAB e três embarcações da Marinha foram destacados para a busca, que conta com apoio da França.
Autoridades dizem, no entanto, que há poucas chances de encontrar sobreviventes do voo, que passou por uma forte turbulência na noite de domingo.
"É um acidente trágico. As chances de serem encontrados sobreviventes são muito pequenas", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, na saída de uma visita ao centro de crise instalado no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.
Brasileiros e franceses eram a maioria entre os 216 passageiros, entre eles sete crianças e um bebê, disse a Air France. Mas também havia 26 alemães e pessoas de várias outras nacionalidades. De acordo com a empresa, são 61 franceses e 58 brasileiros a bordo.
A FAB informou que o Airbus A330-200 sumiu no domingo quando sobrevoava o oceano Atlântico e confirmou que um avião da TAM, que fazia a rota contrária ao da Air France, avistou "pontos alaranjados" no oceano. A TAM informou que sua tripulação observou "pontos luminosos em alto mar", a aproximadamente 1.300 quilômetros de Fernando de Noronha (PE).
A região em que estão sendo realizados os trabalhos de busca é de 120 quilômetros quadrados, segundo a Força Aérea.
"Temos que trabalhar com a possibilidade de sobreviventes sempre. Por isso, estamos colocando mais meios (de busca). Enquanto não tivermos a confirmação, vamos continuar buscando, com a esperança de encontrar sobreviventes", disse o coronel Jorge Amaral, vice-chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.
De acordo com a FAB, "as buscas têm como ponto central o momento em que o voo AF 447 enviou uma mensagem automática sobre problemas técnicos" quatro horas após decolar. A Air France registrou uma mensagem automática da aeronave às 23h14 de domingo (horário de Brasília) informando um curto-circuito após ter enfrentado forte turbulência.
O último contato do avião por rádio com as autoridades brasileiras aconteceu às 22h33, a 565 quilômetros de Natal.
Um porta-voz da companhia disse que vários mecanismos do avião tiveram problemas. A empresa ofereceu condolências pelo ocorrido.
"Provavelmente é uma combinação de circunstâncias que pode ter levado a um acidente", disse ele, acrescentando que o avião pode ter sido atingido por um raio.
Mais tarde, a Air France rejeitou fazer qualquer previsão do que poderia ter provocado o desaparecimento. "É muito cedo para dizer o que passou. Tem que esperar os resultados das investigações e da caixa-preta", disse em entrevista coletiva Isabelle Birem, diretora-geral da Air France no Brasil.
Especialistas em aviação disseram que raios atingirem aviões é normal e não seria o suficiente para causar um acidente.
Se não forem encontrados sobreviventes, esse será o acidente com o maior número de mortos com um avião da Air France nos 75 anos da companhia.
BRASILEIROS
O voo AF 447 partiu do Aeroporto Internacional Tom Jobim às 19h de domingo, e deveria pousar no Charles de Gaulle (Paris) às 11h15 de segunda-feira (6h15 em Brasília).
O avião levava 216 passageiros -126 homens, 82 mulheres 7 crianças e um bebê- e 12 tripulantes. A Air France disse que os pilotos tinham grande experiência.
A última localização do avião é desconhecida. Às 22h48, quando a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta 3, as informações indicavam que o avião voava normalmente a 35.000 pés (11 quilômetros) de altitude e a uma velocidade de 840 km/h, segundo a FAB.
"Já tinha passado por (Fernando de) Noronha às 22h33. Uma hora depois o avião teria que fazer contato por rádio novamente e nesse momento não fez esse contato", disse a assessoria da
FAB.
"Em função disso entramos em contato com a Ilha do Sal (Cabo Verde). A aeronave também não fez nenhum tipo de contato com eles e nem apareceu no radar", acrescentou.
O controle do tráfego aéreo em Dacar disse que o voo AF 447 não chegou a aparecer nos radares da África.
Em sua rota a partir do Nordeste do Brasil, o avião teria de passar por uma área de instabilidade conhecida como Zona de Convergência Intertropical.
O ministro francês Jean-Louis Borloo descartou a hipótese de sequestro aéreo. "É uma horrível tragédia", disse Borloo à rádio France Info.
PARENTES
A lista de passageiros ainda não foi divulgada. A Air France disse que parentes de ocupantes do voo foram levados para uma área especial dos aeroportos.
No Rio, familiares de passageiros e tripulantes do voo chegavam desesperados ao aeroporto no início da manhã atrás de informação.
"Eu combinei com ela (minha filha) de ir acompanhá-la, mas... tive dificuldades para chegar. Antes de embarcar, ela me ligou cobrando a minha presença. Eu só tive tempo de dizer a ela que era a melhor filha do mundo", disse a jornalistas Vazti Ester van Sluijs, mãe de Adriana Francisco Sluijs, 40, da área de comunicação corporativa internacional da Petrobras, que estaria no voo.
Um homem que identificou-se apenas como Carlos disse que seu pai estava no voo. "Estou desesperado, não sei o que fazer, acordei hoje cedo com a informação de que havia um problema com o voo do meu pai. É muito difícil".
O último grande incidente envolvendo um avião da Air France ocorreu em julho de 2000, quando um supersônico Concorde caiu sobre prédios logo após decolar de Paris com destino a Nova York, matando seus 109 ocupantes e 4 pessoas no solo.
Em agosto de 2005, um Airbus da Air France pegou fogo depois de sair da pista do aeroporto de Toronto (Canadá), num dia de tempestade. Não houve mortos.
O Brasil teve dois grandes acidentes aéreos em 2006 e 2007, o que gerou preocupações com a segurança do tráfego aéreo no país.
Em julho de 2007, todos os 187 ocupantes e 12 pessoas em terra morreram quando um Airbus A320 da TAM avançou além da pista do aeroporto paulistano de Congonhas, batendo em um prédio vizinho.
Em setembro de 2006, um avião da Gol caiu na Amazônia após ser atingido em pleno voo por um jato particular Legacy. Todos os 154 ocupantes do avião maior morreram.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro; Fernando Exman em Brasília; e Jean-Baptiste Vey, Gerard Bon, Astrid Wendlandt e Tim Hepher em Paris)
A Força Aérea Brasileira (FAB) destacou duas aeronaves que, além de recursos visuais, farão as buscas com recursos eletrônicos e de radar durante a noite. No total, seis aeronaves e dois helicópteros da FAB e três embarcações da Marinha foram destacados para a busca, que conta com apoio da França.
Autoridades dizem, no entanto, que há poucas chances de encontrar sobreviventes do voo, que passou por uma forte turbulência na noite de domingo.
"É um acidente trágico. As chances de serem encontrados sobreviventes são muito pequenas", disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, na saída de uma visita ao centro de crise instalado no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.
Brasileiros e franceses eram a maioria entre os 216 passageiros, entre eles sete crianças e um bebê, disse a Air France. Mas também havia 26 alemães e pessoas de várias outras nacionalidades. De acordo com a empresa, são 61 franceses e 58 brasileiros a bordo.
A FAB informou que o Airbus A330-200 sumiu no domingo quando sobrevoava o oceano Atlântico e confirmou que um avião da TAM, que fazia a rota contrária ao da Air France, avistou "pontos alaranjados" no oceano. A TAM informou que sua tripulação observou "pontos luminosos em alto mar", a aproximadamente 1.300 quilômetros de Fernando de Noronha (PE).
A região em que estão sendo realizados os trabalhos de busca é de 120 quilômetros quadrados, segundo a Força Aérea.
"Temos que trabalhar com a possibilidade de sobreviventes sempre. Por isso, estamos colocando mais meios (de busca). Enquanto não tivermos a confirmação, vamos continuar buscando, com a esperança de encontrar sobreviventes", disse o coronel Jorge Amaral, vice-chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.
De acordo com a FAB, "as buscas têm como ponto central o momento em que o voo AF 447 enviou uma mensagem automática sobre problemas técnicos" quatro horas após decolar. A Air France registrou uma mensagem automática da aeronave às 23h14 de domingo (horário de Brasília) informando um curto-circuito após ter enfrentado forte turbulência.
O último contato do avião por rádio com as autoridades brasileiras aconteceu às 22h33, a 565 quilômetros de Natal.
Um porta-voz da companhia disse que vários mecanismos do avião tiveram problemas. A empresa ofereceu condolências pelo ocorrido.
"Provavelmente é uma combinação de circunstâncias que pode ter levado a um acidente", disse ele, acrescentando que o avião pode ter sido atingido por um raio.
Mais tarde, a Air France rejeitou fazer qualquer previsão do que poderia ter provocado o desaparecimento. "É muito cedo para dizer o que passou. Tem que esperar os resultados das investigações e da caixa-preta", disse em entrevista coletiva Isabelle Birem, diretora-geral da Air France no Brasil.
Especialistas em aviação disseram que raios atingirem aviões é normal e não seria o suficiente para causar um acidente.
Se não forem encontrados sobreviventes, esse será o acidente com o maior número de mortos com um avião da Air France nos 75 anos da companhia.
BRASILEIROS
O voo AF 447 partiu do Aeroporto Internacional Tom Jobim às 19h de domingo, e deveria pousar no Charles de Gaulle (Paris) às 11h15 de segunda-feira (6h15 em Brasília).
O avião levava 216 passageiros -126 homens, 82 mulheres 7 crianças e um bebê- e 12 tripulantes. A Air France disse que os pilotos tinham grande experiência.
A última localização do avião é desconhecida. Às 22h48, quando a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta 3, as informações indicavam que o avião voava normalmente a 35.000 pés (11 quilômetros) de altitude e a uma velocidade de 840 km/h, segundo a FAB.
"Já tinha passado por (Fernando de) Noronha às 22h33. Uma hora depois o avião teria que fazer contato por rádio novamente e nesse momento não fez esse contato", disse a assessoria da
FAB.
"Em função disso entramos em contato com a Ilha do Sal (Cabo Verde). A aeronave também não fez nenhum tipo de contato com eles e nem apareceu no radar", acrescentou.
O controle do tráfego aéreo em Dacar disse que o voo AF 447 não chegou a aparecer nos radares da África.
Em sua rota a partir do Nordeste do Brasil, o avião teria de passar por uma área de instabilidade conhecida como Zona de Convergência Intertropical.
O ministro francês Jean-Louis Borloo descartou a hipótese de sequestro aéreo. "É uma horrível tragédia", disse Borloo à rádio France Info.
PARENTES
A lista de passageiros ainda não foi divulgada. A Air France disse que parentes de ocupantes do voo foram levados para uma área especial dos aeroportos.
No Rio, familiares de passageiros e tripulantes do voo chegavam desesperados ao aeroporto no início da manhã atrás de informação.
"Eu combinei com ela (minha filha) de ir acompanhá-la, mas... tive dificuldades para chegar. Antes de embarcar, ela me ligou cobrando a minha presença. Eu só tive tempo de dizer a ela que era a melhor filha do mundo", disse a jornalistas Vazti Ester van Sluijs, mãe de Adriana Francisco Sluijs, 40, da área de comunicação corporativa internacional da Petrobras, que estaria no voo.
Um homem que identificou-se apenas como Carlos disse que seu pai estava no voo. "Estou desesperado, não sei o que fazer, acordei hoje cedo com a informação de que havia um problema com o voo do meu pai. É muito difícil".
O último grande incidente envolvendo um avião da Air France ocorreu em julho de 2000, quando um supersônico Concorde caiu sobre prédios logo após decolar de Paris com destino a Nova York, matando seus 109 ocupantes e 4 pessoas no solo.
Em agosto de 2005, um Airbus da Air France pegou fogo depois de sair da pista do aeroporto de Toronto (Canadá), num dia de tempestade. Não houve mortos.
O Brasil teve dois grandes acidentes aéreos em 2006 e 2007, o que gerou preocupações com a segurança do tráfego aéreo no país.
Em julho de 2007, todos os 187 ocupantes e 12 pessoas em terra morreram quando um Airbus A320 da TAM avançou além da pista do aeroporto paulistano de Congonhas, batendo em um prédio vizinho.
Em setembro de 2006, um avião da Gol caiu na Amazônia após ser atingido em pleno voo por um jato particular Legacy. Todos os 154 ocupantes do avião maior morreram.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro; Fernando Exman em Brasília; e Jean-Baptiste Vey, Gerard Bon, Astrid Wendlandt e Tim Hepher em Paris)
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