Deixou o trabalho e a vida em Lisboa para se dedicar inteiramente ao filho e a outros como ele. Formou-se em pedagogia curativa e socioterapia e voltou às origens para criar uma associação com o objectivo de apoiar pessoas portadoras de deficiência.
Assim nasceu, em 2000, a ASTA, Associação Sócio-Terapêutica de Almeida, numa aldeia escondida no interior de Portugal. Entre rochas e floresta, em Cabreira do Côa, distrito da Guarda, Maria José Dinis da Fonseca, de 53 anos, lutou para dar forma a um projecto que apoia, integra e educa jovens acima dos 16 anos com deficiência mental e multideficiência.O filho Marco, de 31 anos, com paralisia cerebral, foi o motor para a implantação desta comunidade terapêutica. Hoje são 32 os jovens e adultos acompanhados pela ASTA – 22 em regime de ‘lar residencial’ e 10 externos.Começou na casa dos pais com seis jovensCom uma retaguarda familiar fragilizada, a maioria encontrou nesta instituição uma família e uma vivência útil e com responsabilidade. São quase todos da região da Guarda, mas há quem tenha vindo de Santarém, Bragança e Lisboa. Em lista de espera estão mais de 60 pessoas de todo o país, mas as vagas estão esgotadas. Apesar de todos os entraves que um lugar escondido e, aparentemente, inóspito como a Cabreira podiam trazer, Maria José nunca desistiu. «Estava convicta, apesar de, inicialmente, não ter apoios e de as pessoas acharem que o meu projecto era uma loucura», recorda Maria José.Com a burocracia por desembaraçar, foi na casa dos pais que a fundadora iniciou actividade com seis jovens. À medida que os apoios estatais e sociais iam chegando, a ASTA foi acolhendo mais pessoas e alargando as suas actividades sócio-terapêuticas.«Foram-nos cedidas casas velhas na aldeia, que reformámos e transformámos em núcleos familiares». Primeiro nasceu a Casa da Oliveira e dois anos depois a Casa Cristalina. Perto uma da outra, acolhem, cada uma, quatro jovens e um colaborador (mãe de casa) que lhes dá apoio. Só em 2004 foi construída a obra projectada desde o início: a Casa da Fonte, onde moram 14 pessoas (os mais dependentes) e três colaboradores, e onde funcionam os ateliês e espaços administrativos. Está em construção uma piscina que ajudará nos cuidados terapêuticos e de saúde.O dia na ASTA começa com o grupo reunido para uma canção, um poema e ainda por um exercício para estimular a mente – em que são desafiados a dizer onde se encontram e em que dia estão. «Pretendemos assim, num ritmo diário, sentir cada um e fazê-los sentir parte de um todo», diz Maria José.Depois, cada jovem segue para o respectivo ateliê ou actividade conforme o seu programa individual – existem sete ateliês: de carpintaria, tecelagem, olaria, agricultura, teatro, música e pintura. «Procuramos que cada trabalho tenha uma componente criativa e utilitária. Está sempre presente a noção de responsabilidade e de trabalho útil. Nada deve ser desperdiçado».As peças do tear – como tapetes e cachecóis – de olaria e de carpintaria são vendidas em feiras de artesanato e na Feira da Solidariedade, organizada todos os anos no pinhal circundante da ASTA.
O que contribui para o reconhecimento da capacidades destes jovens, e ajuda simbolicamente nas despesas. Quem queira auxiliar esta associação basta associar-se ao grupo de amigos da ASTA.
O que contribui para o reconhecimento da capacidades destes jovens, e ajuda simbolicamente nas despesas. Quem queira auxiliar esta associação basta associar-se ao grupo de amigos da ASTA.
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