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quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Cultura Gospel
Presidente Dilma reconhece música gospel como cultura; ex-deputado diz que lei corrige "distorção e discriminação"
Por meio de sanção publicada nesta terça-feira (10) no Diário Oficial da
União, a presidente Dilma Rousseff reconheceu a música gospel e eventos
relacionados ao gênero como manifestação cultural. Com isso, projetos
de artistas, padres e pastores que fazem shows de música religiosa
poderão se inscrever no Ministério da Cultura para obter recursos pela
Lei Rouanet, que dá incentivo fiscal a empresas que financiam eventos
culturais.
O ex-deputado e pastor evangélico Robson Rodovalho (PP-DF), autor do
projeto, explica que a ideia é corrigir "uma distorção e uma
discriminação" que a música religiosa sofria. "Em aniversários de
cidades, quando alguma prefeitura queria contratar um show de música
evangélica, o Ministério Público vetava porque entendia que o Estado,
por ser laico, não deveria apoiar uma religião. Temos tantos processos
contra essas manifestações que a única saída era considerar esse tipo de
música cultura", explica.
Ele não acha, no entanto, que possa haver o favorecimento de religiões,
porque a lei veta projetos de autoria de igrejas. "Não acho que haverá
beneficiamento de igrejas porque não se ganha nada com isso. Tanto que, o
que hoje acontece em muitos festivais de música é haver uma noite para
artistas católicos e evangélicos, o que é legítimo."
Apesar de o texto publicado no Diário Oficial não especificar que tipos
de música seriam considerados gospel, o deputado explica que trata-se
de toda música que tiver temática religiosa.
Rodovalho salienta que a lei beneficia o gênero porque o iguala às
outras expressões culturais. "Antes, a Coca-Cola não ia patrocinar um
evento evangélico porque não patrocina religiões nem partidos, mas o
nosso público também consome, e devia ser respeitado como os outros. Um
evento como a 'Marcha para Jesus', que não era patrocinado porque não
podia, agora vai poder", diz. "É preciso que haja também uma mudança de
mentalidade das agências [de publicidade], para tratarem esse segmento
como público."
Para o diretor da gravadora gospel "Canzion", Daniel Nunes, a lei pode
incentivar o aumento de shows gospel, porque o gênero "está na moda". No
entanto, o fato de a música religiosa no país ainda estar muito ligada à
religião --diferente do que ocorre nos Estados Unidos, que é mais
considerada como um gênero musical-- ainda pode afastar patrocinadores
particulares: "As marcas não querem se associar a essas bandas. A
cultura de considerar música gospel como gênero musical vai demorar
muito para mudar no Brasil. Não acho que a lei vá mudar isso, mas pode
ajudar", diz.
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