Mais do que o título de Rei aproxima Elvis Presley e Michael Jackson. Os dois foram ícones de suas gerações e de suas músicas – o primeiro, do rock; o segundo, do pop. Ao que parece, morreram de forma semelhante: uma das hipóteses levantadas por pessoas próximas é a de que o abuso de medicamentos tenha levado Jackson à morte, assim como fez com Elvis, no dia 16 de agosto de 1977, quando ele tinha 42 anos.A causa da morte de Michael, aos 50 anos, só será confirmada com as análises toxicológicas, o que pode demorar entre quatro e seis semanas. O prazo é necessário para que sejam realizados testes neuropatológico e pulmonar. A necropsia no corpo do astro terminou no fim da tarde de ontem, em Los Angeles. Não foram encontrados “traumas externos” ou “circustâncias suspeitas” no corpo do cantor, acabando com a hipótese de homicídio. Segundo o Departamento de Polícia de Los Angeles, ainda não há informações sobre a presença de Demerol (um forte analgésico, similar à morfina) ou outros medicamentos no organismo de Michael. Até o final da noite de ontem, o corpo ainda não havia sido liberado para a família.– Notícias de que Michael Jackson morreu pela ingestão de analgésicos estão vindo de fora da polícia – disse o chefe de investigação, Gregg Strenk.Já não era segredo, no entanto, para a família e os fãs que Michael usava grande quantidade de remédios. Em 1997, ele incluiu no álbum Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix a música Morphine, em que citava o medicamento Demerol. Especialistas dizem que o uso desse medicamento, principalmente quando associado a outros remédios, pode levar à parada cardíaca. Nos últimos tempos, Michael buscava nos medicamentos ajuda para enfrentar o estresse dos shows agendados para julho em Londres.Marcado para a ontem, o depoimento do cardiologista Conrad C. Murray, médico particular de Michael, pode elucidar o que aconteceu horas antes do cantor sofrer uma parada cardíaca – Murray estaria ao lado do astro quando os paramédicos chegaram para prestar socorro e o encontraram já inconsciente. Laudos médicos preliminares sugerem que o Rei do Pop tenha recebido uma injeção de um medicamento – provavelmente, Demerol – na quinta-feira pela manhã e, logo depois, começado a ter dificuldades para respirar.Advogado da família Jackson e amigo pessoal do astro, Brian Oxman, confirmou que Michael fazia uso de remédios controlados. Segundo ele, o uso desses medicamentos preocupava a família.– Não sei a quantidade de remédios que ele tomava, mas sei que era extensa. Os relatórios que a família recebia indicavam que ele ingeria muitos medicamentos. O que aconteceu era esperado, algo que eu temia e do qual tentei preveni-lo– declarou.Segundo o produtor Jay Coleman, o regresso do astro aos palcos foi estressante para um perfeccionista como Michael – ele chegou a dizer que seriam seus últimos shows em Londres.– A expectativa dos fãs era a de ver um Michael Jackson tão grande como o do passado – disse Coleman.As investigações ainda não podem comprovar que o Rei do Pop morreu como o Rei do Rock, mas a relação entre os dois ícones fica cada vez mais estreita. Em sua página no site MySpace, Lisa Marie Presley, filha de Elvis e mulher de Michael entre 1994 e 1996, publicou uma carta aberta, com o título “Ele sabia”. Nela, Lisa escreve que o homem com quem foi casada costumava perguntar sobre a morte de seu pai, dizendo: “Eu tenho medo de acabar como ele, do jeito que ele acabou”. Ao final, Lisa diz: “O mundo está em choque, mas de algum modo ele sabia exatamente como seria seu destino mais do que qualquer um, e ele estava certo”.
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